Introdução
“(...) não basta hastear
novamente as velhas crenças; não é solução acreditar agora em seus contrários;
é necessário voltar sobre o que acreditávamos conhecer, questionar o óbvio,
voltar sem trégua sobre nosso senso comum.” (p. 11)
"O sujeito, aluno e professor, participa da estruturação da forma de conhecimento que se transmite na classe e nas relações que ali se estabelecem. O problema, então, fica assim formulado: a participação do sujeito na constituição da situação escolar e ao mesmo tempo a constituição do próprio sujeito por esta participação, mediado pelos conhecimentos escolares. A relação entre os sujeitos e o conhecimento se transformou no eixo principal de análise.” (p. 12)
Em geral, os alunos são considerados o elemento
subalterno da situação escolar. Da
perspectiva que considera a escola como aparelho ideológico do Estado, o
professor é o portador e o transmissor da ideologia dominante. É o professor
que realiza tarefa tão fundamental.
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Perspectiva do aluno, como
sujeito. Recuperar a visão dos alunos da situação escolar, considerando-os,
tanto quanto os professores, sujeitos sociais.
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O sujeito é
social desde que nasce, constitui-se sempre em relação a outros, mediado pelas
significações sociais de seu mundo. Se o sujeito se constitui no social desde
que nasce, não se pode considera-lo uma tabula
rasa, como se costuma fazer.
“(...) a ideia
de um sujeito que preexiste à sua história, à sua própria educação.” (p. 14)
“(...) supõe-se
também a ideia de um sujeito que é moldado pelo meio ao interiorizar a norma
naturalmente, sem oposição ou reelaboração alguma de sua parte. Recebe o que
lhe é transmitido na escola e se adapta aos valores e à cultura de uma dada
classe social, inculcados na escola
por intermédio da violência simbólica. Mistifica-se o poder da inculcação do
conteúdo, usualmente em seu caráter ideológico; e do sujeito criança como
tabula rasa passa-se a conceber o sujeito adulto como suporte de estruturas ou, no mesmo sentido, portador de uma ideologia. Estabelece-se uma relação dicotômica
entre sujeito e mundo e se atribui ao sujeito uma situação passiva nessa
relação.” (p. 14)
“O sujeito está
determinado por suas condições cotidianas de vida, pela classe à qual pertence,
pelo grupo imediato através da qual pertence a ela, pelo lugar que ocupa na
divisão do trabalho, por seu lugar na família e por sua história escolar...em
parte. Em parte, porque o sujeito também contribui para a constituição de todas
as situações. (p. 15)
“A superação da
alienação, por sua vez, não é um estado absoluto a que se chega de uma vez e
para sempre; é uma conquista permanente, e é desigual em relação às diferentes
dimensões do sujeito, como, por exemplo, a política, a pessoal, a de trabalho,
etc. Por fim isso nos leva a considerar que a identidade do sujeito é
multifacética e incoerente, e que os sujeitos são heterogêneos entre si, ainda
que pertençam ao mesmo grupo social e se considere que estão determinados pelas
mesmas estruturas.” (p. 15)
A situação
escolar está constituída de maneira importante pelos conhecimentos que nela
circulam: os que se transmitem e os que se constroem.
Escola - Espaço social que deve, legitimamente, transmitir os conhecimentos que para esse fim se legitimaram socialmente.